Entrei na internet pra procurar algum arquivo ou matéria que fala sobre a bigamia. Porque agora eu sou um bígamo, tenho duas namoradas. Mas acho que esse termo se usa mais no nível de matrimônio, quando o homem tem duas esposas, tem também o polígamo com mais de duas esposas. Somente reis e muçulmanos ricos podem ter várias companheiras. Na Angola, por exemplo, o grande líder das tribos tem que transar com várias virgens sobre uma pedra sagrada em frente de todos os seus cidadãos, e se a desenvoltura sexual do rei for boa, o seu reinado será próspero. Mas uma coisa é comum em quase toda sociedade mundial , a traição matrimonial é condenável. Em alguns países o adultério é pago com a vida. Na Índia, a mulher que não aceitar o marido que a família escolheu e se arriscar a arranjar um outro namorado, pelas tradições do país, os irmãos e amigos podem queimá-la viva. Imagino um irmão vociferando aos ventos: “Vamos queimar a minha irmã, eu a vi segurando a mão daquele estranho. Vamos queimá-la !”. Pior ainda quando a mulher pega aids do marido, nesse caso a mulher também é culpada porque não conseguiu satisfazer o marido como devia, o coitado se viu obrigado a procurar outras parceiras e infelizmente pegou a doença, nesse caso a mulher é apedrejada até a morte pelos próprios familiares por sua insensibilidade sexual. Em qualquer dos casos a mulher indiana sempre vai estar numa fria, ficando em casa quieta ou então procurando seu príncipe indiano encantado, ela uma hora ou outra vai receber uma pedrada.
São milhares de penalidades em que as fêmeas são submetidas pelas mais antigas civilizações do mundo, mas olha como nós brasileiros estamos bem evoluídos, aqui é proibido a bigamia, poligamia e o adultério da pena de quinze dias a seis meses de detenção, mas nunca ouvir falar que alguém foi preso porque cometeu o adultério, felizmente as mulheres brasileiros não vão ser apedrejadas ou queimadas vivas porque transou com o Ricardão, o máximo que pode acontecer é o marido traído querer lavar a sua honra, que nem as histórias do Nelson Rodrigues escritas a mais de 50 anos.
Mas não seria nada ruim ter duas esposas, imagino a Daniela e Valquíria me esperando em casa, na expectativa da minha atenção. Então olho para as duas na minha frente, fogosas e aflitas por um carinho, então teria que escolher uma: Daniela minha lolita sensível, ou então Valquíria minha triatleta durinha. Acho que transar com as duas ao mesmo tempo acabaria não dando certo, mulher gosta de fazer comparações, a Dani é mais linda de rosto, mas a Val tem um corpão que vocês já sabem. Inevitavelmente ia rolar uma comparação, cada garota tem uma visão diferente de como deve ser as coisas em determinado momento, e o sexo tem que ter a mesma reciprocidade. Fazer sexo com duas garotas deve ser bem excitante, mas esse tipo de rotina sexual com certeza afetaria o relacionamento de todos. Bigamia só funciona mesmo numa sociedade machista onde a mulher tem que se submeter as leis tradicionais, no Brasil nunca ia dar certo um triângulo amoroso, nem um matrimônio simples funciona direito, imagine então 3 pessoas se relacionando no dia-a-dia. Acho que não existe no Brasil um Ménage à trois bem sucedido, um triângulo com anos de existência.
Não posso carregar o fardo de ter duas namoradas tão lindas. Isso não funciona na realidade, funcionaria se elas aceitassem não serem únicas, se elas aceitassem repartir o meu amor, mas esse tipo de proposta é inexistente. Ficar namorando as duas escondidas é muito arriscado. Mulher odeia falsidade. Aliás, ninguém gosta de ser enganado, então escolhi Valquíria pra dar a notícia. Porque Valquíria ? Talvez por causa da situação fragilizada de Daniela, fiquei muito emotivo ao ver ela chorando nos meu ombro. Então contei pra Valquíria sobre Daniela, contei a nossa história.
Nos encontramos na Torre de Tv, que fica logo após a Esplanada dos Ministérios, onde aos sábados e domingos tem uma tradicional feira de artesanato, foi difícil convencer a Val de ir pra outro lugar, porque ela queria pedalar no parque em sua fome pela atividade física. O problema é que Daniela estava andando de roller no parque com sua prima, ela me avisou pra ir lá, queria me ver correr. Mal comecei a ter duas namoradas, e já tenho que manipular meus passos pra evitar algum constrangimento, como já disse aqui nesse diário, Brasília é um lugar muito pequeno.
Comemos uns pasteis, tomamos um caldo de cana como todo brasiliense que visita a Torre de Tv faz, sentamos no gramado que cerca a torre, então contei toda a história. Do meu namoro com Daniela, do caso que ela teve com o tio, da mentira sobre sua virgindade, do trauma de um estupro que não existiu, do nosso rompimento e finalmente do retorno do nosso namoro. E pra minha surpresa ela disse:
- Gustavo, eu sei que você tem uma namoradinha. Por mim, você pode ter a garota que quiser. – fiquei em silêncio, então ela segurou na minha mão – Não posso pedir fidelidade de uma garoto de 17 anos. Prefiro curtir.
- Mas você disse que me ama. Amar é ter fidelidade.
- Eu amo meus amigos, eu amo aqueles que fazem amor comigo, eu amo a minha vida, entende ?
- Amar quem faz amor contigo ?
- Cara, eu faço amor, eu não transo. Quando pretendo ter relação sexual com alguém, é porque rola uma afinidade. Amar é um dos sentimentos mais nobres, gosto de ser livre para amar. Entende ? Eu te amo sim. Mas não é aquele amor de fidelidade. Quando eu te conheci, o Paulão me disse que você tinha uma namorada, não sei porque você está me contando essa história. Pensei que estávamos apenas curtindo, sabe ?
- Isso é muito confuso pra mim.
- Gustavo, entenda uma coisa. Eu tenho 18 anos e você 17 anos. Não é justo um casal jovem ficar preso, por conta de uma fidelidade inexistente.
Fiquei um tempo olhando para o horizonte, com a esplanada nos Ministérios ao fundo, o vento que corria era forte no fim de tarde daquele domingo. Ela se deitou no gramado, e apoiou a cabeça meu colo, fiquei olhando para os seus olhos, e passava o dedo no seu cabelo negro, e disse:
- Você é diferente
- Não sou diferente, sou menos hipócrita que os outros. – disse ela sorrindo
- Você ama o tal do Rodolfo que me deu um murro ?
- Não, eu não amo ele. Ele foi uma pedra em minha vida
- Porque ?
- Porque ele não aceita meu modo de encarar as coisas. É um ciumento psicótico.
Com a Valquíria deitada no meu colo, pensei então na Daniela, e em nossa relação. Tudo o que a Val falou faz sentido. Será que vale a pena namorar a sério uma garota ? Quanto tempo dura o amor de uma garota de 16 anos ? Vale a pena pagar o preço da fidelidade sendo tão jovem ?
- Quero conhecer a sua namoradinha ? – disse ela
- Como é que ? – me espantei com a pergunta
- O nome dela é Daniela ?
- É sim. Mas não acho uma boa idéia.
- Porque ? – insistiu ela
- Afinal de contas a gente é o que ? Amante ? Namorados ? Um casal de hippies que faz amor com todo mundo ?
- Que tal amigos ? – fiquei calado sem palavras então ela continuou – Me apresenta ela. Preciso conhecer a namorada do meu amigo. É tão complicado assim ?
Amanhã a noite marquei de me encontrar com Daniela, no CineMark. Toda a galera vai estar lá, inclusive Valquíria com sua curiosidade lasciva e sua doutrina do amor livre e sem complicações. Nunca acreditei na amizade entre um homem e uma mulher sem o interesse sexual. Mas agora acredito nesse tipo de amizade graças a Valquíria. Ela é minha amiga e faz sexo em nome do amor.
Atenção: Esse diário possue gravÃssimos erros de português, se você encontrou algum erro não precisa avisar nos comments. Eu sei que sou um ignorante.
